Dá para passar em medicina com a nota do Enem fazendo uma redação igual à da Júlia Pimentel?

Descubra se dá pra passar em medicina escrevendo uma redação igual à da Júlia Pimentel e entenda se o Enem exige outro estilo.
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Dá para passar em medicina com a nota do Enem fazendo uma redação igual à da Júlia Pimentel?

“Faltou começar com ‘Querido Diário’” foi um dos comentários que bombou na internet sobre a redação da influencer team Júlia Pimentel. A adolescente, ainda no 2º ano do ensino médio, escreveu o texto para o vestibular de Medicina do Instituto de Educação Médica (Idomed), falando sobre si mesma. O resultado viralizou, mas será que esse estilo funciona no Enem?

Apesar do rebuliço, Júlia, aos 16 anos, conseguiu a tão sonhada aprovação na Idomed, faculdade privada do Rio de Janeiro, com a mensalidade custando a bagatela de R$ 16.253,00.

Mas o que chamou atenção mesmo foi a redação. Toda em primeira pessoa, ela decidiu colocar sua própria história e reflexões na prova. Júlia compartilhou a aprovação em suas redes e, nos comentários, a galera não perdoou: “Parece legenda de Instagram 😂” e “Você usou ChatGPT Free ou pago?”.

O tema proposto no vestibular era: “Qual marca da sua personalidade ninguém roubará de você? Por quê?”. A ideia oficial era produzir um texto dissertativo-argumentativo, mas Júlia escolheu contar a própria história, na vibe “eu, eu mesmo & (nada de Irene)”.

Essa pegada de redação dá certo no Enem?

Clarinho que… NÃO! A professora de redação Josy Kelly explica que o estilo da Júlia funcionou porque alguns vestibulares aceitam redações mais livres, como relatos, diários e cartas. Mas no Enem, o esquema é outro.

“Casos como a da Júlia Pimentel seriam válidos em vestibulares que cobram outra tipologia, que não a dissertativa-argumentativa. O texto dela ganha visibilidade em gêneros textuais, como relato, diário, carta, entre outros. No entanto, pensando na estrutura e tipologia cobrada pelo Enem, o texto da Júlia não teria o mesmo sucesso, pois ele não apresenta elementos coesivos, nem repertórios que fundamentem o seu posicionamento, além de estar escrito em primeira pessoa, com muitos traços de narração, reflexões, e não problematização, como trabalhado no Enem”, alerta a professora.

Nos vestibulares antigos, como o Processo Seletivo Seriado (PSS), a regra era mais de boas: dava para soltar a criatividade e escrever textos mais “livres”, sem se prender tanto ao modelo dissertativo-argumentativo. Dá uma olhada no exemplo abaixo:

A professora Josy lembra: “Eles podiam pedir qualquer tipo de redação e, em alguns casos, o texto tinha até como ponto de partida obras literárias indicadas no edital. Era quase um ‘vale tudo’ criativo”.

Ou seja, escrever sobre si mesmo, contar histórias pessoais e reflexões não era problema. Hoje, no Enem, essa liberdade não existe: o exame exige estrutura, argumentação e repertório, e nada de diário pessoal.

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