QUESTÕES DE LITERATURA: autores que mais caem no Enem
É no primeiro dia do Enem que são aplicadas as questões de literatura. Por isso, o professor Rodrigo Paes reuniu exercícios sobre os autores que mais caem na prova.
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E para quem quer se dar bem mesmo nas questões de literatura, o Lá Vem o Enem preparou uma aula exclusiva sobre esse assunto. Assista abaixo.
Questões de literatura sobre autores que mais caem no Enem
Questão 1:
FAMÍLIA
Três meninos e duas meninas,
sendo uma ainda de colo.
A cozinheira preta, a copeira mulata,
o papagaio, o gato, o cachorro,
as galinhas gordas no palmo de horta
e a mulher que trata de tudo.
A espreguiçadeira, a cama, a gangorra,
o cigarro, o trabalho, a reza,
a goiabada na sobremesa de domingo,
o palito nos dentes contentes,
o gramofone rouco toda noite
e a mulher que trata de tudo.
O agiota, o leiteiro, o turco,
o médico uma vez por mês,
o bilhete todas as semanas
branco! mas a esperança sempre verde.
A mulher que trata de tudo
e a felicidade.
Carlos Drummond de Andrade. Alguma poesia.
No poema de Drummond,
A) a hierarquização dos substantivos que compõem a primeira estrofe tem a função de situar essa família na sociedade escravagista do século XIX.
B) a repetição de um verbo de ação, em contraste com o caráter nominal dos versos, destaca a serventia da figura feminina na organização familiar.
C) a ausência de menção direta ao homem produz um retrato reativo à família patriarcal, por salientar o protagonismo social da mulher.
D) o modo como os elementos que compõem a terceira estrofe estão relacionados permite inferir a prosperidade econômica familiar.
E) enquadramento da mulher no ambiente doméstico lança luz sobre um regime social que favorece a realização plena das potencialidades femininas.
Questão 2:
Dias depois da morte de D. Mariquinha, Seu Lula, todo de luto, reuniu os negros no pátio da casa-grande e falou para eles. A voz não era mais aquela voz mansa de outros tempos. Agora Seu Lula era o dono de tudo. O feitor, o negro Deodato, recebera as suas instruções aos gritos. Seu Lula não queria vadiação naquele engenho. Agora, todas as tardes, os negros teriam que rezar as ave-marias. Negro não podia mais andar de reza para S. Cosme e S. Damião. Aquilo era feitiçaria. […]
E o feitor Deodato, com a proteção do senhor, começou a tratar a escravatura como um carrasco. O chicote cantava no lombo dos negros, sem piedade. Todos os dias chegavam negros chorando aos pés de D. Amélia, pedindo valia, proteção contra o chicote do Deodato. A fama da maldade do feitor espalhara-se pela várzea. O senhor de engenho do Santa Fé tinha um escravo que matava negro na peia. […] E o Santa Fé foi ficando assim o engenho sinistro da várzea.
RÊGO, J. L. Fogo morto. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.
A condição dos trabalhadores escravizados do Santa Fé torna-se exponencialmente aflitiva após a morte da senhora do engenho. Nessa passagem, o sofrimento a que se submetem é intensificado pela reação à
A) mania do novo senhor de se dirigir a eles aos gritos.
B) saudade do afeto antes dispensado por D. Mariquinha.
C) privação sumária de suas crenças e práticas ritualísticas.
D) inércia moral de D. Amélia ante as imposições do marido.
E) reputação do Santa Fé de lugar funesto a seus moradores.
Questão 3:
A ideia de pátria se vinculava estreitamente à de natureza e em parte extraía dela a sua justificativa. Ambas conduziam a uma literatura que compensava o atraso material e a debilidade das instituições por meio da supervalorização dos aspectos regionais, fazendo do exotismo razão de otimismo social. A partir de 1930 houve uma mudança de orientação, sobretudo na ficção regionalista, percebendo-se o que havia de mascaramento no encanto pitoresco com que antes se
abordava o homem rústico. Evidenciou-se a realidade dos solos pobres, das técnicas arcaicas, da miséria pasmosa das populações, da sua incultura paralisante. A visão que resulta dessa perspectiva é pessimista quanto ao presente e problemática quanto ao futuro.
(Antonio Candido. A educação pela noite e outros ensaios, 1989. Adaptado.)
O excerto assinala uma reorientação nos rumos da literatura brasileira, na medida em que os escritores:
A) deparam-se com a instituição de uma regionalização oficial pelo IBGE.
B) passam a mostrar os aspectos do Brasil como país subdesenvolvido.
C) reconhecem o estabelecimento de alianças democráticas no Brasil.
D) percebem a assimilação do american way of life pelo povo brasileiro.
E) optam pelo emprego de uma visão eurocêntrica em sua produção literária.
Questão 4:
Rios sem discurso
Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralitica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.
João Cabral de Melo Neto. A educação pela pedra.
A partir da leitura do poema, é correto afirmar:
A) O sentido de uma palavra é construído em situação discursiva, no ato comunicativo, e resulta da interação entre emissor e receptor.
B) Para a comunicação, o emissor faz escolhas lexicais que estão ao alcance do receptor da mensagem.
C) O sentido de um texto só está ao alcance do receptor se as palavras utilizadas estiverem em situação dicionária.
D) As palavras isoladas não têm significado e não podem ser compreendidas pelo receptor de uma mensagem.
E) Na produção de um enunciado, o emissor precisa fazer uso do dicionário para dar maior sentido ao seu discurso.
Questão 5:
Após a Semana de Arte Moderna, foram criados inúmeros manifestos, movimentos e revistas. Dentre os manifestos, destaca-se o “Manifesto Antropófago”, de Oswald de Andrade.
Só a ANTROPOFAGIA nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.
Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi that is the question.
Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.
Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/ periferia/article/view/3407/27763 Acesso em: 06 nov. 2021.
Sobre o fragmento desse manifesto, pode-se afirmar que:
A) “ANTROPOFAGIA” está em letras maiúsculas para marcar o movimento brasileiro de vanguarda: a defesa da modernização e do nativismo, ou seja, a assimilação crítica, irônica e irreverente de elementos estrangeiros na produção artística brasileira.
B) Em ‘Tupi, or not tupi that is lhe question”, há um diálogo com o célebre dizer de Hamlet, “To be or not to be, that is the question”, da peça de William Shakespeare, revelando que a produção inglesa deve ser considerada inspiração para a poesia brasileira.
C) Oswald de Andrade manifesta seu desacordo com a presença de uma única religião nos romances produzidos por autores brasileiros.
D) A lei do antropófago, metáfora da proposta modernista brasileira, revela que a literatura precisa seguir as regras criadas durante a Semana de Arte Moderna.
E) “Só me interessa o que não é meu” representa o desejo de artistas brasileiros em dialogar com a arte europeia e, por meio de um olhar crítico e reflexivo, produzir textos ambientados em grandes cidades.
Gabarito das questões de literatura dos autores que mais caem no Enem
1 – B.
2 – C.
3 – B.
4 – A.
5 – C.
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